No final da manhã de ontem, dois meninos corriam despreocupadamente à beira da pista na avenida Bernado Sayão, entre a travessa Quintino Bocaiúva e a passagem Cacau, bairro do Jurunas, em Belém. Em comum, os dois mantiveram por alguns instantes seus olhares fixados em uma pipa que caía, sob a expectativa de poder alcançá-la.
A diferença entre eles é que esse instante de distração, bem característico nessa popular brincadeira de empinar pipa, resultou em uma tragédia: um menino de apenas 7 anos, que corria à frente do outro, morreu após ser atropelado por um caminhão, exatamente no portão do porto da empresa de navegação Bom Jesus. Ele foi identificado apenas como Francisco.
Segundo informações repassadas por populares ao tenente Fábio Campos, da 4ª ZPol, o menino de 7 anos tentava pegar uma pipa, em companhia de outro menino. Em frente ao portão da empresa Bom Jesus, o garoto – chamado pelos familiares de Francisco – chocou-se com a lateral do caminhão, que, por sua vez, saía da empresa de navegação, depois de recolher garrafas vazias.
Ainda de acordo com testemunhas, após o choque, populares gritavam: “bateu o menino! Cuidado, bateu o menino!”. Mas o condutor do caminhão não teria compreendido o alerta e engatou uma marcha-ré. Com isso, uma das rodas passou por cima de parte do corpo e cabeça de Francisco.
No entanto, conforme um homem, que preferiu não ser identificado e estava ao lado do condutor do caminhão no momento do acidente, houve apenas uma colisão fatal. “Quando o condutor manobrava o caminhão para sair do porto, eu ouvi um barulho estranho, como se fosse um estalo”, afirmou. “Então, aí que fomos ver que era o corpo do menino”, concluiu.
Estarrecido, o menino que acompanhava e brincava com Francisco saiu correndo do local, instantes depois de presenciar o acidente. Posteriormente, o condutor do caminhão apresentou-se na Delegacia do Jurunas, onde o caso foi registrado. Ele foi indiciado por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, e depois liberado, já que poderá responder ao inquérito em liberdade.
De acordo com Glória Denise Carvalho, 36 anos, cujo um de seus sobrinhos era padrasto de Francisco, este não era matriculado em nenhuma escola, pois não possuía certidão de nascimento. O documento teria sido perdido pela própria mãe do menino, em um município do interior do Estado, quando ele era bem mais jovem.
Diário do Pará
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