Desde 3 de janeiro, Alex Gabriel Labres, 23 anos, está em uma cama sem saber quando será operado no Hospital Bruno Born, em Lajeado, no Vale do Taquari.
O problema seria a falta de especialistas na área e a burocracia para garantir um leito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Região Metropolitana.
O vendedor, que trabalha em uma loja de autopeças com o pai, sofreu um acidente de moto na Rua Alberto Pasqualini, no bairro Universitário, no começo do ano. Após bater em um poste, Alex perdeu parte do osso do joelho na perna direita. Ele foi socorrido e internado no hospital, onde deveria fazer uma cirurgia de reconstrução e alargamento dos ossos.
O diretor médico do hospital de Lajeado, Sérgio de Macedo Marques, alega que o caso do vendedor é de alta complexidade e que o local não dispõe de médicos especializados em traumatologia para operar. Segundo ele, quando não há estrutura para fazer uma cirurgia delicada como a de Labres, o procedimento padrão é a transferência para hospitais de Capital, que são referência na área de traumatologia.
— Estamos há três meses tentando encontrar um leito no Hospital Cristo Redentor ou no Hospital Beneficiência Portuguesa, em Porto Alegre. Só que aumentou a burocracia pelo SUS de pacientes que vêm do Interior. Já encaminhamos o procedimento, mas temos dificuldade no retorno — diz o diretor.
Nos primeiros dias, Marques tentou transferir o vendedor para o Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas, sem sucesso. De acordo com o diretor, o caso foi avaliado, mas o hospital também se negou a fazer o procedimento por alegar falta de estrutura para cirurgias complexas de traumatologia.
O primo do jovem, Sandro Kronbauer, está revoltado com a situação. Ele afirma que Labres passa maior parte do tempo sob efeito de morfina, para aliviar a dor, pois não suporta as condições em que se encontra. Além disso, o jovem está no isolamento em decorrência de uma infecção hospitalar.
— Ele não come e emagreceu muito desde o acidente. Gostaria que ele pudesse fazer uma cirurgia logo, ou pelo menos ter uma previsão de data. É nosso direito ter uma saúde pública adequada. Quanto tempo mais ele vai suportar? — lamenta.
Kronbauer registrou uma ocorrência sobre o caso na Ouvidoria do SUS, da Secretaria Estadual da Saúde, na manhã de quarta-feira, mas não poderá esperar por uma resposta. Ele e a família de Labres resolveram pagar um médico particular no Hospital de Teutônia. Terão que desembolsar quase R$ 20 mil.
— Estamos esperando o hospital autorizar a cirurgia para a próxima quarta-feira, pois conseguimos um médico que se dispôs a fazer a operação. Não podemos esperar pelo SUS. Ele não vai resistir muito tempo — destaca.
O que diz a 16ª Coordenadoria de Saúde de Lajeado
O titular da 16ª Coordenadoria de Saúde de Lajeado, José Harry Saraiva Dias, afirma que o Estado está tomando providências para que Labres seja internado em um dos hospitais de Porto Alegre com referência em traumatologia. Ele diz que foi avisado do caso pelo próprio pai do menino, assim que assumiu o cargo, no fim de janeiro, e afirma que houve falha na comunicação entre hospital e a Secretaria Estadual de Saúde, o que colaborou para a demora no atendimento do jovem. Dias acrescenta que o Estado está em processo de negociação para criar um setor de traumatologia no Hospital Bruno Born.