Rapaz quebrou o fêmur e precisava de cirurgia. Médico só apareceu e fez o atendimento depois que a polícia foi chamada
O médico de plantão de um hospital de referência em ortopedia se recusou a receber um motociclista acidentado, transportado pelo Siate, na noite de sexta-feira (10) em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. A ambulância ficou parada na frente do Hospital Vicentino por quase três horas. A Polícia Militar foi acionada e o médico só não foi levado em flagrante por omissão de socorro para não deixar sem atendimento os pacientes já internados.
Os problemas no atendimento de casos de urgência e emergência em Ponta Grossa se agravaram nas últimas duas semanas porque o Conselho Regional de Medicina (CRM) recomendou que o Hospital Municipal, que está desestruturado, não mais receba vítimas de trauma. As equipes de socorro foram orientadas a encaminhar os casos para outros hospitais da cidade.
A precariedade no sistema de atendimento de emergências em Ponta Grossa acabou afetando a vida de Rodrigo Rafael dos Santos Moraes, de 20 anos. O auxiliar de serviços gerais voltava do trabalho quando a moto que pilotava colidiu em um Fox no cruzamento da avenida Carlos Cavalcanti com a rua Dom Geraldo Pellanda, no centro da cidade. O Siate foi chamado e os socorristas concluíram que havia fratura de fêmur e comunicaram, por telefone, o hospital Vicentino que estavam encaminhando o paciente.
Ao chegarem à portaria, socorristas e acidentado foram informados que a internação não poderia ser feita. Segundo testemunhas, o médico de plantão não se deu o trabalho de ir até a ambulância. De dentro do hospital, e sem nem chegar perto do paciente para avaliar a gravidade do caso, disse que o acidentado deveria ser levado ao Hospital Municipal, que fica a 6 quilômetros e é indicado somente para casos simples. Ainda segundo informações de pessoas que estavam no Vicentino, não havia ortopedista no plantão na unidade que é referência regional em situações de trauma. O médico especialista estava em casa, de sobreaviso, e ao ser comunicado da situação, recomendou o encaminhamento para o Hospital Municipal.
Para não deixar Rodrigo sem atendimento médico, os socorristas chamaram uma ambulância do Samu, que foi até a porta do hospital Vicentino para medicar o acidentado. A Polícia Militar também foi acionada. O tenente Thiago de Oliveira disse que o médico seria preso por omissão de socorro, mas que a medida não foi necessária porque a internação acabou sendo negociada. Depois da chegada da polícia, o ortopedista acabou indo ao hospital, mas evitou a entrada principal. Mesmo de fora do hospital, era possível ouvir as reclamações dele, que questionava os socorristas por terem encaminhado o paciente para o Vicentino.
A superlotação e a falta de profissionais em número suficiente e de estrutura adequada no Hospital Municipal, administrado pela prefeitura, levaram o CRM a recomendar que a unidade não mais atenda casos de emergência e urgência que sejam considerados graves. A medida foi endossada pelo Ministério Público. Mesmo com suspensão dos serviços, pacientes continuam sendo levados para o Hospital Municipal por falta de vagas em outras unidades do município. O jogo de empurra-empurra só tem aumentado nos últimos dias.
Um socorrista ouvido pela reportagem conta que tem sido cada dia mais comum a peregrinação das ambulâncias, de hospital em hospital, até conseguir vaga para internar vítimas de traumas. Em tese, há uma semana, o Hospital Municipal só deve receber pacientes com ferimentos leves, como contusões e cortes, em ocorrências em que a pessoa esteja consciente e que não precise ser sedada.
A reportagem da Gazeta do Povo esteve no hospital na noite de sexta-feira e acompanhou a angústia da família de Rodrigo, à espera de atendimento. Helinton dos Santos Moraes, irmão da vítima, disse que era um absurdo Rodrigo estar na porta de um hospital, com a perna quebrada e com dores, sem que um médico o examinasse. Enquanto Rodrigo esperava na ambulância, outra viatura chegou ao hospital, trazendo um paciente com problemas clínicos, que foi prontamente atendido e internado.
Rodrigo precisou ser operado no hospital Vicentino e colocou um pino no fêmur da perna direita – procedimento que não pode ser feito no Hospital Municipal. Procurada, a direção do Vicentino não se pronunciou sobre o caso até o momento. Funcionários informaram que apenas na segunda-feira o hospital dará uma resposta sobre o caso.
Gazeta do Povo
Os problemas no atendimento de casos de urgência e emergência em Ponta Grossa se agravaram nas últimas duas semanas porque o Conselho Regional de Medicina (CRM) recomendou que o Hospital Municipal, que está desestruturado, não mais receba vítimas de trauma. As equipes de socorro foram orientadas a encaminhar os casos para outros hospitais da cidade.
A precariedade no sistema de atendimento de emergências em Ponta Grossa acabou afetando a vida de Rodrigo Rafael dos Santos Moraes, de 20 anos. O auxiliar de serviços gerais voltava do trabalho quando a moto que pilotava colidiu em um Fox no cruzamento da avenida Carlos Cavalcanti com a rua Dom Geraldo Pellanda, no centro da cidade. O Siate foi chamado e os socorristas concluíram que havia fratura de fêmur e comunicaram, por telefone, o hospital Vicentino que estavam encaminhando o paciente.
Ao chegarem à portaria, socorristas e acidentado foram informados que a internação não poderia ser feita. Segundo testemunhas, o médico de plantão não se deu o trabalho de ir até a ambulância. De dentro do hospital, e sem nem chegar perto do paciente para avaliar a gravidade do caso, disse que o acidentado deveria ser levado ao Hospital Municipal, que fica a 6 quilômetros e é indicado somente para casos simples. Ainda segundo informações de pessoas que estavam no Vicentino, não havia ortopedista no plantão na unidade que é referência regional em situações de trauma. O médico especialista estava em casa, de sobreaviso, e ao ser comunicado da situação, recomendou o encaminhamento para o Hospital Municipal.
Para não deixar Rodrigo sem atendimento médico, os socorristas chamaram uma ambulância do Samu, que foi até a porta do hospital Vicentino para medicar o acidentado. A Polícia Militar também foi acionada. O tenente Thiago de Oliveira disse que o médico seria preso por omissão de socorro, mas que a medida não foi necessária porque a internação acabou sendo negociada. Depois da chegada da polícia, o ortopedista acabou indo ao hospital, mas evitou a entrada principal. Mesmo de fora do hospital, era possível ouvir as reclamações dele, que questionava os socorristas por terem encaminhado o paciente para o Vicentino.
A superlotação e a falta de profissionais em número suficiente e de estrutura adequada no Hospital Municipal, administrado pela prefeitura, levaram o CRM a recomendar que a unidade não mais atenda casos de emergência e urgência que sejam considerados graves. A medida foi endossada pelo Ministério Público. Mesmo com suspensão dos serviços, pacientes continuam sendo levados para o Hospital Municipal por falta de vagas em outras unidades do município. O jogo de empurra-empurra só tem aumentado nos últimos dias.
Um socorrista ouvido pela reportagem conta que tem sido cada dia mais comum a peregrinação das ambulâncias, de hospital em hospital, até conseguir vaga para internar vítimas de traumas. Em tese, há uma semana, o Hospital Municipal só deve receber pacientes com ferimentos leves, como contusões e cortes, em ocorrências em que a pessoa esteja consciente e que não precise ser sedada.
A reportagem da Gazeta do Povo esteve no hospital na noite de sexta-feira e acompanhou a angústia da família de Rodrigo, à espera de atendimento. Helinton dos Santos Moraes, irmão da vítima, disse que era um absurdo Rodrigo estar na porta de um hospital, com a perna quebrada e com dores, sem que um médico o examinasse. Enquanto Rodrigo esperava na ambulância, outra viatura chegou ao hospital, trazendo um paciente com problemas clínicos, que foi prontamente atendido e internado.
Rodrigo precisou ser operado no hospital Vicentino e colocou um pino no fêmur da perna direita – procedimento que não pode ser feito no Hospital Municipal. Procurada, a direção do Vicentino não se pronunciou sobre o caso até o momento. Funcionários informaram que apenas na segunda-feira o hospital dará uma resposta sobre o caso.
Gazeta do Povo