Cerca de 20 alunos teriam deixado de fazer o teste de direção na tarde
desta quinta-feira. Um carro teria sido depredado e uma pessoa ficado
ferida
Um grupo de aproximadamente 50 instrutores bloqueou na tarde desta
quarta-feira (10) a entrada de carros de autoescolas no pátio do Detran em Curitiba, no bairro Tarumã,
para protestar contra a negociação salarial da categoria. Houve
confusão com alguns instrutores que não aderiram à paralisação e
pretendiam levar os alunos para realizar os testes de direção. Um carro
teria sido depredado e uma pessoa ficado ferida. A Polícia Militar (PM) foi chamada para negociar. O bloqueio durou cerca de uma hora e meia, entre as 15h30 e as 17 horas desta tarde.
Cerca
de 20 alunos não teriam conseguido fazer a prova e terão que remarcar a
avaliação. O custo do reagendamento é de cerca de R$ 35. Não está claro
quem terá a responsabilidade de arcar com o prejuízo. Um funcionário do
Detran afirmou que os alunos devem negociar diretamente com as
autoescolas.
O instrutor e proprietário de um centro de formação de condutores,
Antonio Ferrari Júnior, alega que foi ameaçado e teve o carro depredado
pelos manifestantes. Ele relatou que tentou entrar no Detran com uma
aluna mesmo com o bloqueio e virou alvo do grupo. “Tentei colocar o
carro dentro, chutaram a lataria, bateram no capô do meu carro, tiram a
palheta do para-brisa, murcharam o pneu e empurram o carro para o meio
da rua. Eles tiraram meu direito de ir e vir”, disse.
A
aluna acabou fazendo o exame de direção, mas foi reprovada porque teria
conduzido um veículo diferente do que estava acostumada. Júnior disse
que iria registrar um Boletim de Ocorrência (BO) e deve
procurar a Justiça em seguida. “Eu preciso verificar, ver quem estava
liderando a manifestação. Acredito que seja o sindicato dos instrutores.
Penso em entrar com uma ação de dano ao patrimônio e constrangimento.
Não teve agressão, mas foi por pouco. Eles estavam bem exaltados.”
Revolta
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Auto Escolas e dos Trabalhadores em Despachantes de Veículos do Paraná (Sintradesp),
Arminda Moia Martins, o protesto em frente ao Detran aconteceu porque
um grupo de instrutores ficou revoltado com o andamento da negociação de
reajuste salarial.
Os representantes do sindicato patronal teriam faltado à reunião de negociação no Ministério do Trabalho
no início da tarde de quinta. “Eles apresentaram proposta e não
compareceram na mesa redonda e isso causou revolta naqueles que estavam
presentes. E por decisão deles, resolveram se deslocar até a sede do
sindicato patronal, ao lado do Detran. Depois foram ao Detran”, falou.
Por outro lado, Martins informou que um dos instrutores ficou ferido
depois de um dos carros conduzidos por um proprietário de autoescola ter
tentado entrar no pátio mesmo com o bloqueio. “Ele tentou forçar a
entrada e atropelou um dos presentes, que ralou o braço e ficou todo
roxo ao cair no chão. Ele não atropelou mais gente porque o pessoal
pulou, saiu da frente.” A sindicalista reclamou do Detran e da PM. “O
que nos causou estranheza é o Detran ameaçar chamar a tropa de choque. A
manifestação era pacífica.”
O presidente do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores do Paraná (SidiCFC-PR),
Justino Rodrigues da Fonseca, foi procurado para comentar a confusão,
mas ele declarou que não estava em Curitiba e não sabia do caso. Mas, o
dirigente acha que não havia necessidade para o protesto. “É estranho.
Estamos na negociação e não tinha motivos para a manifestação.”
Valores
O índice de reajuste dos salários dos instrutores de autoescolas está
sendo negociado entre os dois sindicatos há alguns dias. A data base
para a aplicação do aumento é o próximo dia 1º de junho.
Os trabalhadores apresentaram como reivindicação um aumento de 40% no
salário base, de R$ 667. Além disso, o Sintradesp pede a implantação do
auxílio-alimentação, reajuste de 40% para o vale-refeição e de 100%
para a hora/aula de 50 minutos, que atualmente é de R$ 2,50. O sindicato
patronal teria oferecido a reposição da inflação nos últimos 12 meses
(cerca de 5,5%) mais 3% de aumento real.
GAZETA DO POVO