DIRIGIR FALANDO AO CELULAR É O MESMO QUE ESTAR BÊBADO.
Rio - Dirigir falando ao celular pode ter o mesmo efeito trágico de quem se embriaga e pega no volante: em ambos os casos, o motorista quadruplica a chance de causar acidente. A constatação é de pesquisadores americanos e também é alvo de preocupação de autoridades brasileiras. No Rio, o uso de telefone pelo condutor é quarta infração mais cometida, principalmente por mulheres, segundo o Detran.
A pesquisa da Universidade de Utah revela que o motorista que fala ao celular, mesmo com fone de ouvido, ou envia torpedos, tem a mesma probabilidade de provocar acidentes que uma pessoa com 0,8 miligramas de álcool no sangue. Índice suficiente para comprometer os reflexos.
Nos testes feitos em Utah com um simulador, voluntários que dirigiram usando celulares bateram nos veículos da frente, perderam o acesso onde deveriam entrar ou nem viram que passaram por ele. Experimentos parecidos já são feitos por órgãos de trânsito e cientistas no Brasil.
Para a coordenadora de Educação do Detran-RJ, Janete Bloise, os dois hábitos (dirigir embriagado ou falando ao telefone) comprometem igualmente a capacidade de reação dos condutores. O viva voz não reduz o risco pois o motorista continua dividindo a atenção entre o trânsito e o papo.
Em palestras do Detran promovidas uma vez por semana em empresas, a equipe de Janete mede o tempo de reação de voluntários que dialogam ao celular enquanto pilotam carrinhos por controle remoto. “Muitas vezes eles param o carro para conversar, mas, na prática, o motorista não faz isso”.
Professor titular de Neurofisiologia da Uerj, Sérgio Schmidt ressalta que, se a conversa for de grande interesse do motorista, a chance de acidente se multiplica. Ele testou a reação de um corretor de imóveis que atende a ligação de um cliente enquanto dirige. “Nesse caso, era pior do que se ele estivesse bêbado”, afirmou o cientista, que criou programa de computador que mede o tempo de reação de quem conduz qualquer tipo de veículos.