Revoltados com o atropelamento e com a morte de uma menina de 15 anos que tentava atravessar a BR 101, na altura do quilômetro 165, em Linhares, moradores da localidade de Rio Quartel interditaram a pista nos dois sentidos por 11 horas, durante o dia de ontem. Sem saída, motoristas ficaram parados, à espera de liberação da via, e a fila de veículos chegou a 11 quilômetros de extensão.
O atropelamento ocorreu às 20 horas de terça-feira. Drielly de Souza Santos, estava grávida e visitava parentes em Linhares, mas era moradora de Vitória, cidade em que o corpo será sepultado hoje. A comunidade local, entretanto, afirma que já estava inconformada com a segurança às margens da pista havia muito tempo. Segundo moradores, são muitas as promessas não cumpridas de autoridades em relação àquele ponto da rodovia.
O produtor rural Androaldo Mattos Sarmento, morador de Rio Quartel, contou que, em setembro do ano passado, técnicos do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes(DNIT) teriam se comprometido a instalar um redutor de velocidade na altura do Km 165, um dos pontos mais perigosos, mas nada foi feito.
Tudo fechado
Às 6 horas, a pista já estava interditada, primeiro com madeiras e pneus queimados e, depois, com um buraco aberto com uma pá mecânica. Policiais estiveram no local, mas não entraram em confronto com os manifestantes, que bloquearam até mesmo estradas vicinais alternativas que passaram a ser usadas pelos motoristas.
Mas condutores encontraram outras opções: para quem seguia no sentido Vitória - Linhares, o jeito era entrar na BR 259, de acesso a Colatina e depois seguir pela ES 248, até Linhares, o que aumentava o percurso em 70 quilômetros. Para quem seguia no sentido contrário, o acesso que liga a Vila de Regência à Vila do Riacho, em Aracruz, passou a ser melhor opção, apesar do percurso aumentar em mais de 50 quilômetros.
Inicialmente, os moradores recusaram qualquer proposta que não fosse a imediata construção de um redutor de velocidade no trecho do acidente. Só no final da tarde, concordaram em liberar a pista, o que aconteceu por volta das 16h30. Hoje, eles se reunirão na sede do DNIT, em Vitória, com a presença de representantes do Ministério Público, para discutir a questão.
Fila de veículos chegou a 11km
A interdição da rodovia BR 101, em Linhares, por cerca de 11 horas, gerou vários problemas para quem foi impedido de continuar a viagem. Sob um calor de mais de 30°C, algumas pessoas chegaram a sentir mal-estar. Comerciantes das imediações, entretanto, lucraram com o movimento.
Paulo Arimatéia Fonseca, que mantém uma lanchonete em Rio Quartel, não tinha mais nada para vender por volta das 14 horas. Ele disse que abriu o estabelecimento às 6 horas e que, até as 11 horas, já havia vendido as duas grades de cerveja e outras duas de refrigerante. Balas, biscoitos e outras guloseimas também foram rapidamente consumidas.
Para quem estava sofrendo na expectativa de liberação do trânsito, a história foi outra. Maria Rocha Galdêncio, 58, passou mal e teve que ser atendida no posto médico local. Ela viajava em um ônibus da Viação Águia Branca rumo a São Mateus. “Eles não têm o direito de fazer isso. Todos lamentamos a morte da menina, mas não é justo penalizar todo mundo”, desabafou Marli Galdêncio, 25, filha de Maria.
Mas não foi só quem estava preso no trânsito que saiu prejudicado. O serviço de plantão médico do Hospital Geral de Linhares, por exemplo, praticamente não funcionou ontem durante o dia, já que apenas um dos cinco médicos conseguiu chegar.
Em várias escolas, aulas tiveram que ser suspensas, já que os professores também não conseguiram chegar às unidades.
"Não é justo interditarem o trânsito. Quem vai pagar o meu prejuízo? Estou aqui desde as 10h, e isso vai atrasar minha semana”. (José Carlos Maim caminhoneiro)
(Gazeta Online)
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