Seis em cada dez universitários assumem que dirigem depois de beber. E pouco mais de 16% deles admitem que fazem isso frequentemente. Já entre as mulheres universitárias, a situação se inverte: 60% delas afirmam que nunca dirigiram depois de beber.
Esses e outros dados foram colhidos na pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Regional Espírito Santo (SBOT-ES), durante os últimos dias 18 e 23 de novembro. Foram ouvidos 402 estudantes do ensino superior, com idades entre 18 e 60 anos - sendo 342 deles com até 29 anos -, moradores de Vitória, Serra e Vila Velha.
"Queríamos saber um pouco mais desses jovens que dirigem e vivenciaram a mudança na lei de trânsito com a aprovação da Lei Seca há um ano e meio. Mas o que percebemos é que boa parte não está preocupada com a vida", avalia João Carlos de Medeiro Teixeira, presidente da SBOT-ES.
A pesquisa ainda aponta que, entre todos os entrevistados, 41% não bebem se vão sair de carro; mas 38% deles afirmam pegar carona com alguém que tenha ingerido bebida alcoólica. "É uma alerta à sociedade. São todos estudantes do ensino superior e que, de certa forma, já teriam uma certa consciência sobre os riscos ao misturar bebida com volante", diz Teixeira.
Ele ainda alerta que 30% dos universitários pesquisados conhecem alguém do grupo de amigos que já se envolveu em acidente de trânsito após beber. "O que deveria servir como um aviso ainda é visto como algo inatingível a eles ", comenta o presidente da SBOT-ES.
Lei Seca
O estudo feito pelos médicos apontou, também, o que os estudantes do ensino superior pensam sobre a lei de trânsito quando o assunto se refere à embriaguez ao volante. Os dados apontam que 97% dos entrevistados se declaram a favor da lei seca, incluindo as punições.
Porém 43% deles acreditam que, mesmo depois das mudanças no Código de Trânsito Brasileiro, os jovens continuam bebendo e dirigindo. "Mais de 40% dos que disseram que não bebem se forem dirigir falaram que têm medo da multa cara e da possibilidade de prisão; e 35% preferem não se arriscar, pois preocupam-se com a vida. Para mudar essa reação, apenas com muita educação", frisa Teixeira.
Quase metade não usa cinto nos bancos traseiros
Quase a metade dos universitários não usa o cinto de segurança nos bancos de trás. Segundo a pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, esse percentual é ainda maior entre os homens no Espírito Santo.
Pouco mais de 52% dos entrevistados disseram que não nunca usam o cinto quando estão nos bancos traseiros do veículo; e 42,6% das mulheres deram a mesma resposta. Cerca de 20% dos 402 que aceitaram dar entrevista afirmaram que sempre usam o cinto.
100% na frente
Em compensação, quando os universitários foram perguntados sobre o uso do equipamento de segurança nos bancos dianteiros, a resposta é outra: entre 98% e 98,8% de homens e mulheres entrevistadas disseram que usam o cinto quando estão como motorista ou como carona.
"Acredito que esses dados mostram, claramente, que o medo deles é pela punição. Não é comum ser multado por não usar o cinto nos bancos de trás, apesar de ser exigido em lei o uso. Mas na frente o não uso desse equipamento de segurança é mais visível", comenta o presidente da SBOT-ES, João Carlos de Medeiro Teixeira.
Solução é fiscalizar mais, diz especialista
Beber resulta em redução dos reflexos, em visão turva e uma falsa sensação de segurança maior. Ou seja: quem bebe e dirige depois demora mais tempo para reagir no trânsito e frear; fica com a visão prejudicada, principalmente à noite e com as luzes dos faróis; acredita que dirige melhor e, ainda, em alta velocidade, sem temer o que pode acontecer.
As conclusões acima são defendidas e comprovadas por médicos que atuam na área. O especialista em dependência química João Chequer defende que, para mudar o pensamento desses universitários, agora, só com um grande susto.
"Eles estão adultos, sabem das consequências, e mesmo assim continuam dirigindo depois de beber. A solução é aumentar a punição, fiscalizar mais, antes que eles acabam aprendendo somente depois de se envolver em algum acidente ou perder um ente querido", alerta o médico.
Para ele, é preocupante ver um número alto de universitários que dirigem mesmo depois de beber. "Eles não têm mais idade para rebeldia ou para querer chamar a atenção dos pais. O que demonstra uma falta de conscientização. Agora, com festa de fim de ano e o verão, esse dado é mais preocupante", diz João Chequer.
Raio-X da pesquisa
Já dirigiu depois de beber? Entre todos os pesquisados, 46,3% disseram nunca, contra 42,3% que responderam raramente; e 11,4%, frequentemente. Entre homens: 35,2% nunca dirigiram depois de beber.
Homens X mulheres. Entre o público masculino: 16,7% frequentemente dirigem depois de beber, contra 48,1% que fazem isso raramente. Quanto às mulheres: 61,5% das entrevistadas nunca dirigiram depois de beber.
Atitude no volante. Dos entrevistados, 49,3% deles, quando saem, vão e voltam dirigindo sem beber; e 2,5% afirmam que sempre vão e voltam dirigindo mesmo se beber muito; outros 16,3% fazem isso quando bebem pouco.
Balada. Pouco mais de 56% dos entrevistados afirmaram que saem de carro para se divertir com os amigos apenas nos fins de semana. Outros 3% fazem isso todos os dias; e 11%, três vezes na semana
Entre os amigos. 14,2% dos pesquisados disseram que conhecem um amigo que sempre volta dirigindo mesmo depois de beber. Outros 20,9% disseram que isso ocorre muitas vezes
Amigo da vez. Pouco mais de 3,5% disseram que nunca tem um amigo no grupo que deixe de beber para dirigir, contra 17,2% que afirmam sempre ter um amigo da vez na roda.
Acidente. 37% dos homens entrevistados conhecem um amigo que se envolveu em acidente de trânsito depois de beber; entre as mulheres o percentual cai para 21,3%. No total: 30,3%
Punição. Na hora de sair, 23,6% dos entrevistados preferem um transporte alternativo ao carro; 35,3% evitam sair dirigindo, pois reconhecem o risco de beber e dirigir; e 41% afirmam não beber se for dirigir por causa da multa cara e do risco de prisão
Pós-Lei Seca. Os entrevistados acreditam que 43% dos jovens continuam com a mesma atitude mesmo depois da Lei Seca: dirigem depois de beber
Vai de carona. Mesmo sabendo que o motorista bebeu, 38,1% afirmam aceitar a carona. Entre os homens, o índice sobe para 47,6%. Sobre a frequência: 9,2% sempre vão de carona com alguém que bebeu; 24,2% fazem isso muitas vezes; e 66,7%, raramente
Favorável? 97% das mulheres pesquisadas são a favor da Lei Seca, contra 96,1% dos homens
Fonte: Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Regional Espírito Santo (SBOT-ES). (...)
(A Gazeta Online)
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