RIO — Em depoimento na 88ª DP (Barra do Piraí), nesta terça-feira, o empresário Heraldo Bichara Júnior revelou que a manicure Suzana de Oliveira, de 22 anos, tentou seduzi-lo enviando mensagens de texto pelo celular, em julho do ano passado, segundo o site do jornal “Extra”. Numa delas, Suzana, 16 anos mais jovem que Heraldo, chamou o empresário de “Tio Sukita”, em referência a uma propaganda na qual um homem mais velho investe numa mulher bem mais jovem. Ele negou qualquer tipo de envolvimento com a manicure, que confessou ter matado o menino João Felipe Eiras Santana Bichara, de 6 anos, filho do empresário.
O depoimento foi prestado ao delegado João Mário Salomão Omena. Ele acredita que a manicure cometeu o crime por ganância.
— Com o surgimento das cartas, apresentadas pela mãe de Suzana ontem (segunda-feira), ficou comprovado que Suzana queria obter dinheiro da família — afirmou, à CBN, o delegado, que analisará as ligações feitas e recebidas no celular da manicure.
Segundo Heraldo, numa das mensagens, a manicure teria escrito que desejava sair com ele. Ele contou que ligou para o número, querendo saber quem estava enviando os torpedos, e Suzana atendeu. Ela teria dito a ele que gostava de homens mais velhos. Heraldo alegou que nunca retribuiu as investidas da manicure, e também nunca contou sobre o episódio para a mulher, Aline Bichara.
— Ele (Heraldo) disse que não tinha nenhum tipo de contato com a manicure. Essa história foi um artifício para desagregar a família. Quando chegava em casa, ela estava fazendo as unhas da esposa na sala, o filho ficava vendo TV e ele ia para o quarto — afirmou o delegado.
José Mario de Omena vai pedir à Justiça, nos próximos dias, quebra dos dados telefônicos de Suzana. O depoimento de Heraldo durou cerca de duas horas. Ele chegou à delegacia às 9h30m, e deixou a unidade por volta das 11h30m. Aline, esposa do empresário e mãe de João Felipe, foi à delegacia apenas acompanhar o marido.
De acordo com Omena, o pai de João Felipe chorava muito. O casal deixou a delegacia sem falar com os jornalistas. O delegado acredita que Suzana, mesmo após matar João Felipe, tinha a intenção de conquistar Heraldo, caso o crime não fosse descoberto:
— A Suzana tinha múltiplos objetivos nesse fato. Apesar de ter sido recusada, ela não se afastaria desse objetivo (ficar com Heraldo). A polícia agora investiga se também houve o crime de extorsão mediante sequestro — afirmou.
O delegado vai ainda instaurar um inquérito complementar para continuar investigando o caso por mais 30 dias, já que, tratando-se de uma prisão em flagrante, ele teria apenas dez dias para concluir as investigações.
Na segunda-feira, a polícia ouviu a mãe da manicure, Simone de Oliveira, e o ex-namorado da criminosa Maicon Santiago Olímpio, de 25 anos. Simone apresentou à polícia uma carta em que a manicure revelava o plano de sequestrar uma criança e pedir resgate. A carta, escrita em duas folhas de caderno, foi achada da casa de Susana.
— Pelo contexto, só pode ser do João — afirmou ao delegado José Mario Omena ao G1.
Segundo o delegado, ela descreveu o plano, detalhando que ligaria para escola, pegaria a vítima e reservaria o quarto de hotel. De acordo com Omena, não há menção de pagamento a terceiros, reforçando a tese de que ela agiu sozinha.
— Se ela ia pedir resgate depois, a gente não deu tempo para isso, pois ela ia pedir com a criança morta mesmo — afirmou o delegado.
Para o delegado, mesmo com os detalhes do plano de sequestro, Susana não tinha intenção de devolver o menino.
— Em momento algum ela pensou em devolver a criança para a família. Uma coisa que me causou estranheza foi ela escrever para si mesma — afirmou o delegado.
O ex-namorado de Suzana Maicon Santiago Olímpio contou que os dois terminaram o relacionamento em julho do ano passado. Ele disse ainda que a jovem dizia ter ódio de João Felipe e, se fosse mãe do menino, já teria batido nele várias vezes.
Já a mãe da manicure disse que a filha tinha um relacionamento estável com um homem e, além disso, mantinha um caso com outro, mais velho, a quem chamava de “coroa”. Simone não soube dizer o nome do amante de Suzana, que confessou ter matado o menino João Felipe Bichara, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense.
Escola vai exigir fotos de todos os responsáveis
O Instituto de Educação Nossa Senhora Medianeira anunciou, na noite desta segunda-feira, em reunião com os pais dos alunos, que vai cobrar uma ficha com foto de todos os responsáveis pelas crianças. A informação é do site do jornal "Extra". A decisão foi tomada após a morte de João Felipe. Pelo telefone, a mulher se passou pela madrinha do menino e foi buscá-lo na escola. João foi liberado pelos funcionários do portão. Agora, a saída dos alunos será feita pelos professores diretamente aos responsáveis cadastrados.
— A liberação por telefone não será mais aceita sob nenhuma condição. Não vamos tolerar mais erros, por isso revimos todo nosso esquema de segurança — afirmou a diretora do colégio, irmã Irena Boritza.
Ela também afirmou que os funcionários serão remanejados dos cargos, mas ninguém será demitido.
— As duas funcionárias que estavam na portaria na hora da saído no dia do assassinato estão de licença, em estado de choque. Elas continuam no nosso quadro de funcionários — afirmou irmã Irene.
O colégio retomou as aulas nesta segunda-feira. Os alunos estavam em casa desde terça-feira da semana passada em razão do assassinato da criança. Como medida de segurança, a escola instalou câmeras e adotará novas normas para liberação das crianças.
O GLOBO
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