quinta-feira, 4 de abril de 2013

Bagagem carregada por assassino sugere possível elo entre mortes na Fronteira e em Porto Alegre


Autor de assassinatos na Capital carregava mala, o que indica que poderia ter chegado de Livramento, pegado táxi na rodoviária e iniciado a ronda macabra de mortes

É crescente entre os mais de 50 policiais que investigam o assassinato de seis taxistas na última semana — três em Santana do Livramento e três em Porto Alegre — o temor de que os casos estejam ligados. E, mais que isso, que os crimes sejam obra de um psicopata.

A principal razão é que, mesmo diante de um aperto sem precedentes da Polícia Civil e BM sobre bocas de fumo na Capital — um método que força os traficantes a revelarem assassinos escondidos no submundo —, o nome do autor ou autores do crime ainda não surgiu. Isso pode significar que o matador, a quem alguns policiais apelidaram de Bandeira 2, não é ligado ao crime organizado e possa ter agido só, por impulso.


A favor da hipótese de um só assassino agindo nas duas cidades existe o fato de que o calibre da arma usada nos seis homicídios é o mesmo (.22, pouco usado no crime), todas as vítimas levaram pelo menos dois tiros na cabeça, todas eram taxistas e o bandido dirigiu o táxi para ir de uma vítima a outra. 

Além disso, esses detalhes de calibre e metodologia não tinham sido divulgados na imprensa quando ocorreram as três mortes na Capital — o que exclui a probabilidade de que seja um assassino imitando outro.

Uma outra pista também alimenta o medo de que seja um psicopata: o autor dos assassinatos em Porto Alegre carregava uma mala. Ele foi visto abandonando o carro do segundo taxista a ser morto na madrugada do último sábado e, após desligar o veículo, retirou do bagageiro uma mala pesada, que saiu carregando. 

— O que um quadrilheiro profissional faria com uma mala? — questionam os policiais. 

Uma das hipóteses é que tenha chegado de Livramento, pego táxi na rodoviária de Porto Alegre e, dali, iniciado a ronda macabra de assassinatos de motoristas. Já se sabe que uma só arma matou os três taxistas da Capital.

Para checar a hipótese de que os seis crimes estejam ligados, a Polícia Civil pediu as listas dos passageiros dos ônibus que fazem o trajeto entre Santana do Livramento e a Capital. Vai requisitar ainda imagens das setes câmeras de vigilância da Estação Rodoviária de Livramento. Em Porto Alegre, os policiais civis também buscam vídeos e já coletaram 10 DVDs com imagens de circuito fechado de empresas, para tentar identificar o assassino.

A desconfiança de que possa ser um psicopata não impede os policiais de apostarem também noutra linha de investigação, a de homicídios praticados por quadrilhas. Uma das suspeitas é que algum chefe de facção tenha ordenado a morte de taxistas como represália por surras que os motoristas teriam dado em criminosos. 

Os policiais receberam a informação que um assaltante chegou a ficar um mês no hospital e teve um olho furado — o que pode ter motivado vingança de seus amigos, inclusive de forma aleatória, com alvos escolhidos ao acaso.

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