sexta-feira, 2 de abril de 2010

Brasília: Jovens motoristas se envolvem mais em atropelamentos nas faixas; maioria das vítimas é de idosos

Uma pesquisa divulgada quinta-feira (1º/4) pelo Departamento de Trânsito (Detran), em comemoração aos 13 anos da faixa de pedestres no Distrito Federal, trouxe boas e más notícias. Os dados indicam que os brasilienses morreram mais ao tentar atravessar em faixas de pedestres em 2009 do que em qualquer outro ano — foram 12, no total. Nesses casos, os jovens mataram mais ao volante e os idosos se tornaram as vítimas mais frequentes. Fora do Plano Piloto, o respeito à faixa é menor. Mas houve redução no número geral de atropelamentos nas vias do DF desde o início da campanha de incentivo ao respeito às passagens de pedestre.
A cidade onde mais pessoas morreram atropeladas ao tentar atravessar as vias, no ano passado, foi o Gama. Lá quatro perderam a vida. Três morreram na Avenida dos Pioneiros e a última vítima faleceu na Avenida Central Norte. Ceilândia ficou em segundo lugar com dois óbitos em travessias regulares, um na QNM 42 e outro na QNN 18. Planaltina e Taguatinga registraram uma morte cada e o restante das ocorrências ocorreu em rodovias estaduais.
O morador de Taguatinga Israel Branco, 35 anos, confirma as impressões da pesquisa. “A campanha de conscientização devia ter começado há muito tempo. No Sudoeste, onde trabalho, as pessoas respeitam a faixa. Mas, longe dali, é difícil ver gente parando. O direito de atravessar em segurança foi uma grande conquista, não podemos perder isso. Então, é preciso educar o povo”, opinou, ao lado do filho Rafael Alexandre, 5 anos, que desde pequeno aprendeu a só atravessar sobre as listrinhas brancas. Os dois participaram de uma blitz educativa do Detran, ontem, no Sudoeste. A campanha deve percorrer todas as cidades, até o fim de abril.
Perfil
O estudo traçou o perfil das vítimas e motoristas envolvidos nos 12 acidentes fatais na faixa, em 2009. Entre os mortos, 44% eram idosos. Em 14% dos casos eram crianças de até 14 anos. Em relação ao sexo das vítimas, há uma proporção de 50%, diferente do observado em outros tipos de acidente, nos quais os homens morrem mais, geralmente. Jovens de 18 a 29 anos estavam ao volante no momento das colisões, na maior parte dos casos (35%). Além disso, 86% dos condutores eram homens. Oito acidentes ocorreram no fim de semana, durante o dia.
O Detran observou que em quatro dos acidentes havia outro veículo parado na faixa e quem vinha atrás não conseguiu frear. Em outros três, o motorista estava sob influência de álcool, em dois o condutor guiava de forma perigosa e nos dois seguintes os motoristas nem tinham carteira de habilitação. No 12º caso não foi possível identificar as circunstâncias. “Procuramos saber a situação em que cada acidente ocorreu, para podermos elaborar campanhas. Em uma das mortes na faixa, a pessoa deu sinal de passagem, mas não esperou o carro que vinha na segunda faixa parar, só o da primeira respeitou. E a vítima perdeu a vida assim. Vamos investir em campanhas para chamar a atenção tanto dos pedestres quanto dos motoristas”, afirmou o diretor do Detran, José Antônio de Araújo.
Mesmo com o elevado número de óbitos na faixa, o Detran acredita que o respeito a ela ainda é forte no DF. Agentes observaram 820 travessias em março, em Brasília, e 88% dos condutores respeitaram o direito do pedestre. Segundo a direção do órgão, há motivos para comemorar. De acordo com a pesquisa, ao comparar 2008 e 2009 aos dois anos anteriores à implantação das faixas sem semáforo — 1995 e 1996 — houve uma redução de 52% nos atropelamentos em geral. Em 1996, os pedestres, dentro ou fora da faixa, representavam 44% dos mortos no trânsito. No ano passado, esse percentual atingiu a menor marca dos últimos anos, 22%.
O Detran entrevistou 1,2 mil pedestres para a pesquisa. Desses, 58% afirmaram fazer o sinal de vida antes de entrar na faixa, mas muitos assumiram não esperar todos os carros pararem antes de entrar. A partir de maio, o órgão responsável, em parceria com o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, vai aumentar a fiscalização nas faixas de pedestres. Os motoristas que não pararem serão multados. O valor da penalidade varia entre R$ 127 e R$ 191. O preço mais alto será pago por quem avançar sobre pedestre e o mais baixo para o que não respeitar o sinal de quem precisa atravessar. Durante 13 anos, 70 pessoas perderam a vida em faixas de pedestre.
O número
5 mil - É a quantidade de faixas de pedestre em todo o DF
Correio Braziliense

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