quinta-feira, 4 de março de 2010

Paraná: Quatro testemunhas de defesa do ex-deputado são ouvidas em audiência

Todas moram em Curitiba e não compareceram às duas primeiras audiências do caso, realizadas no início de fevereiro
A audiência para o juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar ouvir quatro testemunhas de defesa do ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho terá início às 13h30 desta quinta-feira (4), no Tribunal do Júri de Curitiba. Todos os ouvidos nesta quinta moram na capital paranaense. Três deles não haviam sido intimados para comparecer às primeiras audiências do caso, que ocorreram nos dias 4 e 5 de fevereiro. A quarta testemunha justificou a falta e irá conversar nesta quinta com o juiz. Carli Filho é acusado de provocar o acidente em que morreram Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20, em maio de 2009.
Nesta quinta serão ouvidos um motorista que teria presenciado o acidente - ele estaria na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski, no bairro Mossunguê -, dois moradores da região e uma funcionária do gabinete do ex-deputado. Após o depoimento de todas as testemunhas, Avelar decidirá se Carli Filho irá ou não a júri popular.
Existe a possibilidade de o ex-deputado comparecer à audiência na tarde desta quinta-feira. O advogado que representa a família Yared Elias Mattar Assad, encaminhou uma petição ao juiz Avelar onde pede que Carli Filho seja ouvido pelo juiz na audiência de instrução. “Isso é fundamental para que depois a defesa não possa pedir a nulidade do processo”, disse Assad.
O pedido do advogado ainda não foi analisado pelo juiz. “Possivelmente ele (Avelar) deixe para apreciar o meu pedido durante a audiência desta quinta”, explicou Assad. De acordo com o advogado, o juiz pode entender que o réu não precisa ser ouvido. Caso isso aconteça, Assad promete recorrer ao Tribunal de Justiça do Paraná para que o ex-deputado seja ouvido.
Outra opção é o juiz decidir que o interrogatório de Carli Filho é indispensável no processo. Com isso, deverá ser marcada uma nova data de audiência para ouvir o ex-parlamentar. O depoimento poderá ser feito em Curitiba ou em Guarapuava (região Central), onde mora atualmente Carli Filho. O advogado de defesa também pode entrar com um habeas-corpus pedindo que o ex-deputado não compareça à audiência, caso seja marcada.
“Também existe a possibilidade de Carli comparecer hoje (4) por conta própria. Mas não acredito nisso”, definiu Assad. A reportagem não conseguiu contato com o advogado Roberto Brzezinski Neto, que defende Carli Filho.
Testemunhas de outras localidades
A Justiça definiu a data do depoimento de outras quatro testemunhas que não moram em Curitiba. Os dois primeiros a serem ouvidos moram em São Paulo e a audiência está marcada para 16 de março. Já a testemunha que reside em Florianópolis (SC) irá depor em 22 de março. E o depoimento de Cuiabá (MT) também já tem data marcada, será em 14 de maio. Entretanto, ainda não se sabe quando as testemunhas de Joinville (SC) e Campo Grande (MS) irão depor.
Computador
Segundo o advogado Assad, o perito contratado pela família Yared - Walter Kauffmann - para analisar o computador do posto de combustível que filmou o acidente deve concluir o laudo em 20 dias. “O perito disse que muitos fragmentos da filmagem foram recuperados no HD da máquina e serão conclusivos na resolução do caso”, afirmou.
Relembre o caso
O acidente envolvendo o ex-deputado aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. Carli Filho dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Os ocupantes do Fit, Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, morreram na hora.
O caso ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 pontos na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal(IML) informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O acidente expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.
No dia 29 de maio, Carli Filho renunciou ao cargo de deputado estadual. O pedido oficial da renúncia foi encaminhado ao presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), e Carli Filho perdeu o foro privilegiado. O ex-deputado prestou depoimento à polícia no apart hotel onde estava hospedado em São Paulo no dia 9 de junho. Ele disse não se lembrar de nada do acidente.
No dia 11 de agosto, após três pedidos de prorrogação de prazo, o delegado Armando Braga de Moraes concluiu o inquérito e indiciou Carli Filho por duplo homicídio com dolo eventual.
Gazeta do Povo

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