Diretor de sindicato e donos de autoescola davam carteiras de habilitação sem motorista ter feito curso e prova
RIBEIRÃO PRETO - A Polícia Civil de Mococa prendeu temporariamente nesta quarta-feira, 23, sete pessoas envolvidas num esquema fraudulento de Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O diretor de um sindicato e os proprietários de uma autoescola ofereciam CHNs expedidas em Contagem (MG) a motoristas de ônibus, vans escolares, veículos de emergência e de transporte de produtos perigosos.
Com o esquema, os motoristas não precisavam fazer o curso de 50 horas e a prova, exigência do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Além do curso, os motoristas candidatos a esses tipos de transporte não podiam ter infrações graves ou gravíssimas nos últimos 12 meses e nem antecedentes criminais. "É uma fraude nova", disse o delegado Hélvio Roberto Bolzani, que atuou no caso. Existe a suspeita de que mais de mil CNHs tenham sido falsificadas nesse esquema.
Nos últimos dois meses, interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça ajudaram a desvendar o esquema. Nivaldo Rafael, diretor do Sindicato dos Motoristas Rodoviários de Mococa, captava os motoristas, no boca-a-boca, e cobrava R$ 230 pelo serviço. A Autoescola Abílio, de Elton Fabiano e João Abílio, cobrava entre R$ 200 e R$ 250.
As documentações exigidas eram reunidas e encaminhadas à empresa Setae-Cereset, credenciada pelo Detran-MG para ministrar o curso, que cobra geralmente até R$ 160. No esquema, Rafael, que recebia o depósito em sua conta bancária e entregava a CNH entre 10 e 15 dias, exigindo só um dia de participação no curso, repassava R$ 180 à empresa mineira.
Sebastião Alexandre Ramos, dono da Setae-Cereset, e uma funcionária, que recebia a documentação oriunda de Mococa, foram presos e estão presos em Contagem. Um funcionário da Ciretran de Cajuru e Priscila Gervásio, funcionária da transportadora Setraza, de Sertãozinho, foram as outras pessoas presas. Priscila está na Cadeia Feminina de Tambaú. Os homens estão na Cadeia de Casa Branca.
Durante a operação desta quarta, 20 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Mococa, Sertãozinho, Cajuru, Casa Branca, Aguaí, São João da Boa Vista e Contagem. Em abordagens feitas com o apoio da Polícia Militar de São Paulo em rodovias próximas de Mococa, cerca de 150 CNHs irregulares de motoristas que atuam nesses tipos de transporte foram apreendidas - eles residem no Estado de São Paulo e têm a habilitação expedida por Minas Gerais.
Segundo o delegado Bolzani, os motoristas identificados nas interceptações telefônicas e que sabiam da fraude irão responder por uso de documentos falsos. "Identificamos cerca de 20 pessoas que sabiam que era um documento falso", informa. Os que agiram de boa-fé terão as CNHs apreendidas e terão que fazer novo curso em São Paulo. Os cinco homens e as duas mulheres ficarão presos por cinco dias.
(Estadão)
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