sábado, 19 de setembro de 2009

Paraná: Polícia investiga se imagens de posto de combustível foram adulteradas



Um novo inquérito foi aberto para saber se os vídeos do local perto de onde aconteceu o acidente foram modificados


A Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) de Curitiba abriu um inquérito policial para investigar se as imagens do posto de combustíveis, que filmou o acidente envolvendo o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, na madrugada do dia 7 de maio, foram adulteradas. A colisão matou os jovens Gilmar Rafael Souza Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20, no bairro Mossunguê, em Curitiba. A Justiça acatou a denúncia de duplo homicídio qualificado contra Carli Filho.

O ex-deputado vai responder também por dirigir embriagado, em alta velocidade, entre 161 km/h e 173 km/h, segundo laudos do Instituto de Criminalística (aproximadamente 188% superior a máxima permitida no local que é de 60 km/h) e violar a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Carli Filho está morando em Guarapuava, na região Central, na casa dos pais e ainda não foi citado oficialmente pela Justiça. Após isso ser feito, ele terá 10 dias de prazo para apresentar uma defesa preliminar.

O segundo inquérito policial, que apura se houve manipulação nas imagens das câmeras de vídeo do posto foi aberto logo depois de Carli Filho ser indiciado por duplo homicídio.

Na manhã desta sexta-feira (18), Gilmar Yared, pai de Gilmar Rafael Yared, prestou depoimento na Dedetran a pedido do delegado Armando Braga de Moraes, que comandou as investigações sobre o acidente e agora apura a situação das imagens do posto de combustíveis. Gilmar foi o primeiro a levantar a hipótese de que os vídeos poderiam ter sido modificados.

“Estive no dia 9 de maio no posto e conversei com um frentista. Ele me disse que duas pessoas, que se passaram como advogados, haviam estado no posto e pediram as imagens. Eles foram na tarde do dia 7, enquanto estávamos velando o corpo de Gilmar eles foram no posto. Esse frentista parece que nem trabalha mais lá no posto”, explicou Yared.

Depois dessa conversa com o então funcionário do posto, Gilmar Yared fez uma carta denunciando que poderia ter acontecido uma adulteração nas imagens do posto. “Essa carta circulou no Brasil inteiro e em algumas cidades do exterior, como Chicago”, disse. O pai acredita que cerca de dois segundos de imagens foram cortados dos vídeos feitos pelas câmeras do posto.

O delegado Armando Braga de Moraes disse que vai ouvir outras pessoas no inquérito, como funcionários do posto e a pessoa que conversou com Gilmar Yared no dia 7. “Queremos verificar se houve realmente algum tipo de manipulação ou se houve um problema técnico”, explicou. Moraes disse que os vídeos não exibem uma sequência de quadros, mas uma repetição de imagens. O prazo legal para encerrar o inquérito é de 30 dias e pode ser prorrogado. “Não estou preocupado com o prazo e sim em fazer um trabalho bem feito. Uma investigação que responda todas as dúvidas”, definiu.

Rapidez

Na tarde desta sexta-feira a família Yared, Christiane e Gilmar Yared, e o advogado criminalista que os representa, Elias Mattar Assad, foram recebidos pelo desembargador corregedor Rogério Coelho, no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). A audiência foi solicitada para pedir mais agilidade na citação do ex-deputado Ribas Carli Filho. A carta precatória com a citação foi enviada na segunda-feira (14) para Guarapuava.

Depois que receber o documento, o oficial de Justiça tem 15 dias para cumprir a citação. “Eles vão cumprir isso no tempo razoável. O desembargador nos garantiu que não vai haver nenhum tipo de influência para a citação em Guarapuava”, explicou Mattar Assad. Fernando Ribas Carli, pai do ex-deputado, é o prefeito da cidade.

Processo criminal

Caso Carli Filho seja condenado por todos os crimes, que lhe foram imputados na denúncia, poderá receber pena mínima de 15 anos e máxima de 30 anos. Ainda poderá ter o direito de dirigir suspenso por prazo entre dois meses e cinco anos. Por se tratar de homicídio qualificado, crime considerado hediondo, caso ele seja condenado deverá cumprir pena inicialmente em regime fechado.
(Gazeta do Povo) - Foto: Arquivo do Blog

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