De janeiro a julho deste ano, a média mensal de pessoas com até 19 anos que perderam a vida nas pistas do DF somou 5,7 contra 3,5, em 2008
A morte de jovens nas vias do Distrito Federal preocupa as autoridades de trânsito. A média mensal de brasilienses com menos de 19 anos que perderam a vida nas pistas aumentou 58,3% este ano na comparação com 2008. De janeiro a julho, 40 pessoas nessa faixa etária morreram em acidentes. Isso dá uma média de 5,7 casos por mês contra 3, registrados no ano passado. Os dados são do Departamento de Trânsito (Detran), que acaba de divulgar o balanço de acidentes e mortes referentes a julho.
As estatísticas apontam ainda que a participação de jovens mortos no número de vítimas está maior. Enquanto em 2008 a proporção foi de 9,4% sobre o total de casos, este ano, o percentual é de 16,6% (veja quadro). Os números acenderam uma “luz vermelha”, segundo o diretor-geral do Detran, Cezar Caldas. “Vamos investigar isso e, ao mesmo tempo, investir em educação dos jovens. A partir desse mês, daremos início ao ensino do trânsito nas escolas. O resultado dessa ação deve aparecer a médio e longo prazos”, disse.
Se as tragédias nas vias envolvendo jovens não derem uma trégua daqui para o fim do ano, 2009 deve fechar com números ainda mais preocupantes. De agosto até agora, mais pessoas com até 19 anos morreram, mas só vão ser incluídas no banco de dados do Detran no fim deste mês ou início do próximo.
É o caso da morte de Renata de Cássia da Silva, 3 anos, no início da noite da última terça-feira. Ela perdeu a vida depois que um ônibus escolar atingiu a bicicleta em que estavam ela e o padrasto, Josué Marques da Conceição, 26. O acidente ocorreu na entrada do Guará I, em frente à unidade do Serviço Social do Comércio (Sesc). O ônibus, que presta serviço para a Secretaria de Educação, bateu na lateral da bicicleta derrubando os dois. Renata morreu na hora. Josué continua internado no Hospital de Base de Brasília e seu estado de saúde é grave.
No último boletim médico, divulgado às 17h30 de ontem, os médicos relataram que apesar da gravidade, o quadro é estável. Na tarde de ontem, Josué respirava com ajuda de oxigênio. Os médicos não deram previsão de alta. O motorista do ônibus, identificado apenas como Antônio, foi preso pelo crime de homicídio culposo (sem intenção de matar). Ele prestou depoimento na 4ª Delegacia de Polícia (Guará). “O delegado de plantão arbitrou fiança de R$ 3 mil. Como ele não pagou, foi levado para a carceragem do DPE (Departamento de Polícia Especializada)”, informou o delegado chefe, Jeferson Lisboa. Só ontem o motorista pagou a fiança e foi liberado. A Polícia Civil aguarda o resultado da perícia feita no local do acidente para concluir o inquérito. O documento deve ficar pronto em 30 dias.
A análise dos números gerais do Detran — sem levar em conta o perfil da vítima — revela uma redução de 10% na média mensal de mortes e de 10,9% na quantidade de acidentes fatais, este ano em comparação com 2008. Foram 240 vítimas e 217 acidentes, média mensal de 34,2 e 31 casos, respectivamente, em 2009.
No ano passado, houve 38 mortes e 34,8 acidentes por mês, em média. Apesar de a redução ter sido pequena, Caldas considera um bom resultado. “Temos que levar em consideração que a frota aumentou. Hoje, temos mais de 1 milhão e 110 mil veículos registrados e uma média de 12 mil novos condutores a cada ano”, destacou. Na opinião do diretor, a redução das estatísticas é o resultado de campanhas educativas associada à fiscalização intensificada e eficiente.
Especialistas ouvidos pelo Correio dizem que o caminho para a redução das mortes no trânsito — seja de jovens, adultos ou idosos — é a educação. Eduardo Biavatti, especialista em educação para o trânsito, destacou que a Lei Federal 11.705/08, a lei seca, representou um avanço nessa direção. Mas apenas ela não é capaz de reduzir as estatísticas a níveis aceitáveis. “Se por um lado as pesquisas mostram que um número maior de pessoas deixou de dirigir alcoolizado, elas ainda pegam carona com quem bebeu. E mais, as pessoas estão deixando de usar o cinto.
A promotora Laura Beatriz Rito, da Promotoria de Delitos de Trânsito do Ministério Público do DF, acredita que uma das causas para o alto número de mortes entre jovens com até 19 anos seja uma combinação de imprudência e imperícia. “São pessoas que acabaram de pegar a carteira de motorista. Jovem geralmente se arrisca mais e não está maduro o suficiente para administrar esse novo status (ter o carro ou moto)”, aponta.O MP fará campanhas para incentivar o passageiro a usar o cinto.
O número: 1,1 milhão
Total de veículos que circulam, atualmente, pelas vias do Distrito Federal
Memória - Outros casos
de 2009 17 de setembro
Igor Júnior de Almeida Campos, 10 anos, passeava com sua bicicleta pela Rua Água do Coco, no Conjunto E da Quadra 1 do Arapoanga, acompanhado de dois amigos. Quando o garoto virou a esquina para atravessar a via principal, foi atingido por um micro-ônibus e morreu na hora.
5 de setembro
Janderson Vieira de Sá, de 11 anos, estava acompanhado do pai quando foi atingido por um caminhão desgovernado. Os dois seguiam em bicicletas diferentes pelas margens da rodovia DF-180 no momento em que o veículo invadiu o acostamento e tombou em cima do garoto.
15 de julho
Darel Salleck, 19 anos, morreu após cair de uma moto e ser, posteriormente, atropelado por um ônibus. O acidente ocorreu na Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Segundo policiais rodoviários, o condutor de um Ford Fiesta teria atingido a moto do rapaz que desequilibrou e caiu embaixo do ônibus.
(Correio Braziliense)
A morte de jovens nas vias do Distrito Federal preocupa as autoridades de trânsito. A média mensal de brasilienses com menos de 19 anos que perderam a vida nas pistas aumentou 58,3% este ano na comparação com 2008. De janeiro a julho, 40 pessoas nessa faixa etária morreram em acidentes. Isso dá uma média de 5,7 casos por mês contra 3, registrados no ano passado. Os dados são do Departamento de Trânsito (Detran), que acaba de divulgar o balanço de acidentes e mortes referentes a julho.
As estatísticas apontam ainda que a participação de jovens mortos no número de vítimas está maior. Enquanto em 2008 a proporção foi de 9,4% sobre o total de casos, este ano, o percentual é de 16,6% (veja quadro). Os números acenderam uma “luz vermelha”, segundo o diretor-geral do Detran, Cezar Caldas. “Vamos investigar isso e, ao mesmo tempo, investir em educação dos jovens. A partir desse mês, daremos início ao ensino do trânsito nas escolas. O resultado dessa ação deve aparecer a médio e longo prazos”, disse.
Se as tragédias nas vias envolvendo jovens não derem uma trégua daqui para o fim do ano, 2009 deve fechar com números ainda mais preocupantes. De agosto até agora, mais pessoas com até 19 anos morreram, mas só vão ser incluídas no banco de dados do Detran no fim deste mês ou início do próximo.
É o caso da morte de Renata de Cássia da Silva, 3 anos, no início da noite da última terça-feira. Ela perdeu a vida depois que um ônibus escolar atingiu a bicicleta em que estavam ela e o padrasto, Josué Marques da Conceição, 26. O acidente ocorreu na entrada do Guará I, em frente à unidade do Serviço Social do Comércio (Sesc). O ônibus, que presta serviço para a Secretaria de Educação, bateu na lateral da bicicleta derrubando os dois. Renata morreu na hora. Josué continua internado no Hospital de Base de Brasília e seu estado de saúde é grave.
No último boletim médico, divulgado às 17h30 de ontem, os médicos relataram que apesar da gravidade, o quadro é estável. Na tarde de ontem, Josué respirava com ajuda de oxigênio. Os médicos não deram previsão de alta. O motorista do ônibus, identificado apenas como Antônio, foi preso pelo crime de homicídio culposo (sem intenção de matar). Ele prestou depoimento na 4ª Delegacia de Polícia (Guará). “O delegado de plantão arbitrou fiança de R$ 3 mil. Como ele não pagou, foi levado para a carceragem do DPE (Departamento de Polícia Especializada)”, informou o delegado chefe, Jeferson Lisboa. Só ontem o motorista pagou a fiança e foi liberado. A Polícia Civil aguarda o resultado da perícia feita no local do acidente para concluir o inquérito. O documento deve ficar pronto em 30 dias.
A análise dos números gerais do Detran — sem levar em conta o perfil da vítima — revela uma redução de 10% na média mensal de mortes e de 10,9% na quantidade de acidentes fatais, este ano em comparação com 2008. Foram 240 vítimas e 217 acidentes, média mensal de 34,2 e 31 casos, respectivamente, em 2009.
No ano passado, houve 38 mortes e 34,8 acidentes por mês, em média. Apesar de a redução ter sido pequena, Caldas considera um bom resultado. “Temos que levar em consideração que a frota aumentou. Hoje, temos mais de 1 milhão e 110 mil veículos registrados e uma média de 12 mil novos condutores a cada ano”, destacou. Na opinião do diretor, a redução das estatísticas é o resultado de campanhas educativas associada à fiscalização intensificada e eficiente.
Especialistas ouvidos pelo Correio dizem que o caminho para a redução das mortes no trânsito — seja de jovens, adultos ou idosos — é a educação. Eduardo Biavatti, especialista em educação para o trânsito, destacou que a Lei Federal 11.705/08, a lei seca, representou um avanço nessa direção. Mas apenas ela não é capaz de reduzir as estatísticas a níveis aceitáveis. “Se por um lado as pesquisas mostram que um número maior de pessoas deixou de dirigir alcoolizado, elas ainda pegam carona com quem bebeu. E mais, as pessoas estão deixando de usar o cinto.
A promotora Laura Beatriz Rito, da Promotoria de Delitos de Trânsito do Ministério Público do DF, acredita que uma das causas para o alto número de mortes entre jovens com até 19 anos seja uma combinação de imprudência e imperícia. “São pessoas que acabaram de pegar a carteira de motorista. Jovem geralmente se arrisca mais e não está maduro o suficiente para administrar esse novo status (ter o carro ou moto)”, aponta.O MP fará campanhas para incentivar o passageiro a usar o cinto.
O número: 1,1 milhão
Total de veículos que circulam, atualmente, pelas vias do Distrito Federal
Memória - Outros casos
de 2009 17 de setembro
Igor Júnior de Almeida Campos, 10 anos, passeava com sua bicicleta pela Rua Água do Coco, no Conjunto E da Quadra 1 do Arapoanga, acompanhado de dois amigos. Quando o garoto virou a esquina para atravessar a via principal, foi atingido por um micro-ônibus e morreu na hora.
5 de setembro
Janderson Vieira de Sá, de 11 anos, estava acompanhado do pai quando foi atingido por um caminhão desgovernado. Os dois seguiam em bicicletas diferentes pelas margens da rodovia DF-180 no momento em que o veículo invadiu o acostamento e tombou em cima do garoto.
15 de julho
Darel Salleck, 19 anos, morreu após cair de uma moto e ser, posteriormente, atropelado por um ônibus. O acidente ocorreu na Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Segundo policiais rodoviários, o condutor de um Ford Fiesta teria atingido a moto do rapaz que desequilibrou e caiu embaixo do ônibus.
(Correio Braziliense)
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