quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Paraná: Audiência sobre caso Carli Filho vai para o segundo dia

No primeiro dia, os advogados da família Yared conseguiram autorização para que um perito particular analise o equipamento que registrou as imagens do acidente para verificar se houve fraude
O primeiro dia da audiência de instrução, que vai definir se o ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho será julgado por um júri popular pela morte de dois jovens em um acidente de trânsito, terminou por volta das 17h30 desta quinta-feira (4). Dezesseis testemunhas de acusação foram ouvidas pelo juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar.
Quatro depoimentos, dois de defesa e dois de acusação, estão previstos para sexta-feira (5). No primeiro dia, os advogados da família Yared conseguiram autorização para que um perito particular analise o equipamento que registrou as imagens do acidente para verificar se houve fraude.
O ex-parlamentar não compareceu à audiência. Segundo o advogado dele, Roberto Brzezinski Neto, o ex-parlamentar foi dispensado de comparecer ao Tribunal. Os deputados estaduais Durval Amaral (DEM) e Valdir Rossoni (PSDB) estavam na listagem de testemunhas de defesa de Carli Filho. Os parlamentares, no entanto, encaminharam ofícios solicitando a dispensa do processo e foram liberados pelo juiz.
Para outras 8 testemunhas de defesa, foram enviadas cartas precatórias e elas serão ouvidas nos estados em que estão. Algumas estão no estado de São Paulo e Mato Grosso. Uma testemunha está nos Estados Unidos.
Dezenas de pessoas e jornalistas permaneceram em frente ao Tribunal do Júri durante todo o dia. Algumas pessoas usaram camisetas com os dizeres "190 km/h é crime". Fotos de Gilmar Yared também foram levadas por amigos. Familiares de outras vítimas de acidentes de trânsito também esteviram no local. Eles levaram faixas pedindo justiça e paz.
A imprensa não tem acesso à sala da audiência, apenas os advogados e um representante da família de cada uma das vítimas. A audiência será retomada por volta das 9 horas de sexta-feira.
Perícia particular
O computador do posto de combustível que registrou o acidente vai passar por uma nova perícia. Desta vez, o equipamento será analisado por um perito particular contratado pela família Yared.
No início desta tarde, com autorização da Justiça, o perito Walter Kauffmann teve acesso ao computador que estava em poder a Polícia Científica. O perito já havia analisado as imagens captadas pelas câmeras de segurança do posto, mas não tinha liberação para periciar o computador onde as imagens ficaram armazenadas.
O advogado da família Yared, Elias Mattar Assad, sustenta que houve adulteração nas imagens. O laudo do perito apontou que alguns frames da gravação foram apagados. A principal suspeita é que as imagens tenham sido removidas para ocultar o envolvimento de outro veículo no acidente.
Kauffman afirmou que há 80% de chance de recuperar as imagens apagadas. “A polícia não tem o software adequado para recuperar os dados que foram apagados do computador”, disse o perito. A Justiça concedeu 30 dias para ele analisar o equipamento e apresentar seu laudo.
Acusação
Carli Filho é acusado de causar as mortes de Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Andrade, 20, em um acidente de trânsito na madrugada do dia 7 de maio de 2009, no bairro Mossunguê, em Curitiba.
O caso ganhou repercussão nacional. Segundo relatos de socorristas que atenderam ao acidente, o ex-deputado estaria embriagado. Carli Filho também não poderia estar dirigindo no dia do acidente, pois estava com a carteira suspensa com 130 pontos de infrações. Laudos do Instituto de Criminalística (IC) apontaram que o carro do ex-deputado estava entre 161 km/h e 173 km/h, 188% superior à máxima permitida no local que é de 60 km/h, no momento do acidente.
Após a audiência desta quinta-feira, o juiz da 2.ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, deverá decidir se a embriaguez e a excessiva velocidade configuram ou não a intenção de matar (dolo). Isso será determinante para que Ribas Carli enfrente o júri popular ou tenha a sentença dada apenas pelo juiz.
Por lei, a instrução de um processo tem um prazo de até 90 dias para ser encerrada. Se Carli Filho não conversar com o juiz, a decisão será dada do mesmo jeito, apenas sem a defesa feita pelo próprio réu.
Gazeta do Povo

Um comentário:

Jaime Guimarães disse...

Quero só ver o que dará esse processo com o ex-deputado Carli Filho. Um dos grandes problemas de nosso país -e consequentemente do trânsito - é a impunidade. Um taxista em Salvador já havia atropelado uma pessoa que morreu em decorrência deste acidente em 2001 e agora, em 2010, matou duas pessoas em um acidente em que ele dirigia totalmente embriagado. Até quando?