sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mortes em Londrina triplicam no pós-acidente - PR

Mortes em Londrina triplicam no pós-acidente
Estatísticas estão em diagnóstico apresentado ontem pelo Fórum Desenvolve Londrina
Os números de mortes em acidentes de trânsito em Londrina são, em média, três vezes maiores do que os divulgados oficialmente. Em 2008 ocorreram 6.190 acidentes, com 65 mortes. Esse número chegaria a 195 se houvesse um acompanhamento durante 90 a 120 dias, após o acidente. O dado foi levantado pelo estudo do Fórum Desenvolve Londrina que neste ano abordou o tema “Mobilidade Humana – Segurança, Liberdade e Educação no Trânsito”, apontando causas e soluções para o trânsito da cidade.
A falta de uma estrutura que acompanhe as consequências do acidente de trânsito é uma das questões apontadas pelo estudo. O objetivo do levantamento foi analisar os problemas que afetam a mobilidade urbana e influenciam a ocorrência de acidentes de trânsito.
“Tivemos muita dificuldade para levantar os números de mortes em acidentes, porque os dados são referentes apenas ao momento em que ocorreu, não tem acompanhamento das consequências”, diz o presidente do Fórum, Claudio Tedeschi. ”O número de mortes triplica se acompanhar a ocorrência durante 90 a 120 dias.”
O diretor de Trânsito da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), major Sérgio Dalbem, afirma que está sendo planejada a criação dessa estrutura dentro do órgão, em parceria com a Polícia Militar, mas sem previsão de concretização. “Isso depende de contratação de profissional para equipes de educação no trânsito, equipe de fiscalização nas ruas, funcionários para catalogar os dados dos acidentes”, diz.
O Fórum identificou que as fontes de dados nem sempre são atualizadas e consistentes. Por isso, segundo Tedeschi, foram inseridos no documento, resultado do estudo, apenas alguns dados gerais sobre a ocorrência de acidentes de trânsito e o panorama dos transportes coletivos em Londrina.
Dalbem afirma que as dificuldades em conseguir os dados estão relacionadas ao fato de ser recente a participação do Município na gestão do trânsito. Ele explicou que há 10 anos, era a PM que fazia o sistema de trânsito. “Com o novo Código [Código Nacional de Trânsito], em 1998, abriu aos municípios para fazer essa estrutura. Estamos engatinhando.”
Outros números
O estudo do Fórum apresentou outros números que apontam a realidade do trânsito londrinense. Do total de acidentes, 62,23% têm envolvimento de motos; os motociclistas são 40% das vítimas fatais. A ocorrência de acidentes quadriplica entre às 18 horas e 24 horas de sexta-feira à domingo.
As principais causas de acidentes em Londrina, são: avanço da preferencial, 1.732 ocorrências; não manter a distância correta entre os veículos, 1.526 ocorrências; falta de atenção, 1.278 ocorrências; avanço de semáforo, 308 ocorrências e outras, 1.346 ocorrências. Os dados são referentes a 2008.
Acessibilidade é um dos desafios
O estudo sobre o trânsito, desenvolvido pelo Fórum Desenvolve Londrina, foi realizado durante nove meses deste ano, quando foram ouvidos especialistas no tema, além das 30 entidades integrantes do Fórum.
O caderno com estudo se baseia nos índices de “coeficiente de mortalidade por acidentes de trânsito” e “coeficiente de danos pessoais por acidentes de trânsito”. Entre os principais desafios do trânsito de Londrina, de acordo com estudo, estão tráfego crescente e a acessibilidade.
Heverson Feliciano, gerente regional do Sebrae, órgão integrante do Fórum, destaca que 70% das causas dos problemas no trânsito e das soluções, já são conhecidas. “São problemas que se repetem e que já são conhecidos”, diz.
Entre as principais causas dos problemas no trânsito, o estudo destaca falta de investimento em inovações tecnológicas, falta de interação do planejamento urbano com planejamento viário e de transporte coletivo; falta de estudo amplo sobre o plano viário; educação no trânsito não é prioridade do poder público; falta de semáforos de pedestres em vias de tráfego intenso na área central e a pouca dedicação à análise dos dados e informações disponíveis, o que gera projetos mal embasados.
As soluções gerais apontadas pelo estudo abarcam vários pontos. Entre eles, priorizar transporte público; investir em transporte de massa, como trem e metrô; promover campanhas de segurança do pedestre; investir na educação no trânsito desde a infância; adequar calçadas para pessoas com necessidades especiais e integrar os estudos de tráfego aos de mobilidade urbana.
(Jornal de Londrina)

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