De janeiro a março deste ano, o número de vítimas de acidentes nas ruas do DF aumentou 10% em relação ao mesmo período de 2009. Segundo o Sindicato dos Servidores do Detran, faltam fiscalização, campanhas educativas e pessoal
A violência no trânsito volta a dar sinais de alerta no Distrito Federal. No primeiro trimestre deste ano, 109 pessoas perderam a vida, 10,1% a mais do que no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 99 mortes. A comparação dos acidentes fatais também revela aumento. Os registros saltaram de 92 para 100 casos, ou seja, 8,6% a mais este ano na comparação com 2009.
As estatísticas revelam ainda que janeiro de 2010 foi o pior dos últimos 14 anos em se tratando de acidentes fatais e que o número de mortos só não bateu o recorde de 2005. Apesar da trégua observada nos dois meses seguintes — fevereiro e março —, isso não foi suficiente para fechar o primeiro trimestre com saldo positivo em relação a 2009.
Morador de Planaltina, o comerciante Paulo Renato Oliveira, 45 anos, perdeu um amigo recentemente vítima de acidente. Para ele, muitas vidas seriam poupadas se os motoristas tivessem mais atenção e dirigissem mais devagar. “Eu já me envolvi em acidente duas vezes. Nas duas, estava desatento, com a cabeça em outro lugar. Por sorte, não me feri nem matei ninguém. Mas depois desses sustos, fiquei mais cauteloso”, diz.
Atenção e prudência salvam vidas mas, na avaliação do presidente do Sindicato dos Servidores do Detran, Eider Marcos Almeida, o aumento dos acidentes e das mortes tem outras causas. No caso de Brasília, faltam fiscalização e campanhas educativas. Segundo ele, desde o fim do ano passado, o Detran está sem contrato com agência de publicidade para executar as campanhas educativas. “Pelo que me recordo, a última foi na semana nacional de trânsito, em setembro. Depois disso, não lembro de ver mais nada”, diz.
Ideal distante
No que diz respeito à falta de fiscalização, o sindicalista denuncia a carência de profissionais. Atualmente, o Detran tem 305 agentes, dos quais 80 trabalham na vistoria. Os 225 restantes ficam encarregados de fazer as blitzes e campanhas educativas nas ruas. “Segundo um estudo do Ipea (Instituto de Política Econômica Aplicada), o ideal é que tenha um fiscal para cada mil veículos. No DF, temos 1.170.558 veículos. Portanto, precisaríamos de 1.170 agentes de trânsito. Com o quadro atual, não há como executar um serviço eficiente na fiscalização e na educação”.
Segundo Eider Marcos, desde 2003, o Detran não faz concurso público para agente. O edital do ano passado foi para preenchimento de vagas de assistentes e analistas de trânsito. “Nosso quadro é o mesmo de 15 anos atrás. Mas a frota, os habilitados, a população e a malha viária aumentaram muito. Pode observar que o maior número de mortes ocorre nas cidades mais distantes, onde estamos mais ausentes”, explica.
Na última quarta-feira, o governador Rogério Rosso entregou 30 carros novos ao órgão, um reforço para a fiscalização, que atualmente conta com 50 veículos. Mas, segundo o Sindetran, a maior parte dos veículos é para substituir os que estão sucateados. Foram investidos R$ 1.345.842,50 na compra, na caracterização e na equipagem dos automóveis. No evento, Rosso se comprometeu a realizar concurso público para agente de trânsito. Mas não disse para quando. Em ano eleitoral, se não houver autorização anterior, não há como fazer seleções públicas para contratação de pessoal.
Memória
25 de março
Divino Alves Ferreira, 69 anos, morreu ao ter a bicicleta atingida por um veículo. O acidente foi na BR-070, na M Norte, em Taguatinga.
12 de março
Um acidente entre dois carros na BR-070, perto de Taguatinga, matou Raimundo Alves da Silva Filho, 44 anos.
6 de março
O motociclista André Luiz de Oliveira, 33 anos, morreu após ser atingido por uma Kombi que, segundo a polícia, era conduzida por um motorista alcoolizado.
18 de fevereiro
O engavetamento na BR-020 envolvendo um caminhão e seis carros tirou a vida de Raimunda Gonçalves da Silva, 68 anos. Ela teve fraturas múltiplas e hemorragia interna, foi socorrida, mas não resistiu.
16 de fevereiro
Na DF-001, perto da barragem do Paranoá, um veículo com três jovens bateu em uma pedra na beira da pista. Jackson Aguiar da Cruz, Jonas Fernandes da Silva e Lúcio Fernandes de Oliveira Rodrigues, os três com 19 anos, morreram na hora.
28 de janeiro
A colisão entre dois carros na DF-180 matou Cristiano Pereira de Oliveira, 25, anos, Daniela dos Santos Rabelo, 26, e Tiago Silva Aguiar,21.
23 de janeiro
Duas pessoas morreram em acidentes na rodovia BR-020. Pedro Gomes dos Santos, 31 anos, foi atropelado quando tentava atravessar a rodovia, na altura do km 13, entre Planaltina e Sobradinho. E o bombeiro Márcio Bomtempo caiu da sua motocicleta na altura do Km 10. Ele morreu na hora.
Correio Braziliense
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