quinta-feira, 10 de maio de 2012

Protesto de instrutores gera confusão e bloqueia entrada no Detran

Cerca de 20 alunos teriam deixado de fazer o teste de direção na tarde desta quinta-feira. Um carro teria sido depredado e uma pessoa ficado ferida

Um grupo de aproximadamente 50 instrutores bloqueou na tarde desta quarta-feira (10) a entrada de carros de autoescolas no pátio do Detran em Curitiba, no bairro Tarumã, para protestar contra a negociação salarial da categoria. Houve confusão com alguns instrutores que não aderiram à paralisação e pretendiam levar os alunos para realizar os testes de direção. Um carro teria sido depredado e uma pessoa ficado ferida. A Polícia Militar (PM) foi chamada para negociar. O bloqueio durou cerca de uma hora e meia, entre as 15h30 e as 17 horas desta tarde.
Cerca de 20 alunos não teriam conseguido fazer a prova e terão que remarcar a avaliação. O custo do reagendamento é de cerca de R$ 35. Não está claro quem terá a responsabilidade de arcar com o prejuízo. Um funcionário do Detran afirmou que os alunos devem negociar diretamente com as autoescolas.
O instrutor e proprietário de um centro de formação de condutores, Antonio Ferrari Júnior, alega que foi ameaçado e teve o carro depredado pelos manifestantes. Ele relatou que tentou entrar no Detran com uma aluna mesmo com o bloqueio e virou alvo do grupo. “Tentei colocar o carro dentro, chutaram a lataria, bateram no capô do meu carro, tiram a palheta do para-brisa, murcharam o pneu e empurram o carro para o meio da rua. Eles tiraram meu direito de ir e vir”, disse. 
A aluna acabou fazendo o exame de direção, mas foi reprovada porque teria conduzido um veículo diferente do que estava acostumada. Júnior disse que iria registrar um Boletim de Ocorrência (BO) e deve procurar a Justiça em seguida. “Eu preciso verificar, ver quem estava liderando a manifestação. Acredito que seja o sindicato dos instrutores. Penso em entrar com uma ação de dano ao patrimônio e constrangimento. Não teve agressão, mas foi por pouco. Eles estavam bem exaltados.”
Revolta
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Auto Escolas e dos Trabalhadores em Despachantes de Veículos do Paraná (Sintradesp), Arminda Moia Martins, o protesto em frente ao Detran aconteceu porque um grupo de instrutores ficou revoltado com o andamento da negociação de reajuste salarial.
Os representantes do sindicato patronal teriam faltado à reunião de negociação no Ministério do Trabalho no início da tarde de quinta. “Eles apresentaram proposta e não compareceram na mesa redonda e isso causou revolta naqueles que estavam presentes. E por decisão deles, resolveram se deslocar até a sede do sindicato patronal, ao lado do Detran. Depois foram ao Detran”, falou.
Por outro lado, Martins informou que um dos instrutores ficou ferido depois de um dos carros conduzidos por um proprietário de autoescola ter tentado entrar no pátio mesmo com o bloqueio. “Ele tentou forçar a entrada e atropelou um dos presentes, que ralou o braço e ficou todo roxo ao cair no chão. Ele não atropelou mais gente porque o pessoal pulou, saiu da frente.” A sindicalista reclamou do Detran e da PM. “O que nos causou estranheza é o Detran ameaçar chamar a tropa de choque. A manifestação era pacífica.”
O presidente do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores do Paraná (SidiCFC-PR), Justino Rodrigues da Fonseca, foi procurado para comentar a confusão, mas ele declarou que não estava em Curitiba e não sabia do caso. Mas, o dirigente acha que não havia necessidade para o protesto. “É estranho. Estamos na negociação e não tinha motivos para a manifestação.”
Valores
O índice de reajuste dos salários dos instrutores de autoescolas está sendo negociado entre os dois sindicatos há alguns dias. A data base para a aplicação do aumento é o próximo dia 1º de junho.
Os trabalhadores apresentaram como reivindicação um aumento de 40% no salário base, de R$ 667. Além disso, o Sintradesp pede a implantação do auxílio-alimentação, reajuste de 40% para o vale-refeição e de 100% para a hora/aula de 50 minutos, que atualmente é de R$ 2,50. O sindicato patronal teria oferecido a reposição da inflação nos últimos 12 meses (cerca de 5,5%) mais 3% de aumento real.
GAZETA DO POVO

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